domingo, 4 de maio de 2008
Nós, a Escola da Ilha de Luanda, ganhámos!
Esta é uma (bela e emotiva) prova que todas as participações no BiblioFilmes foram vencedoras:
«Andava uma noite destas a passear pelos sites e blogues da Internet que falam de livros e autores quando, de repente, fui desinquietada. Um grupo de professores portugueses “amadores de livros e bibliotecas” da cidade de Espinho, perto do Porto, tinha decidido criar um concurso em que me desafiavam, a mim e a todos os interessados da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, a fazer um filme com um telemóvel. O filme não devia durar mais de 3,14 minutos e nele, eu deveria ser capaz de provar o quanto gostava de uma determinada biblioteca. Senti-me desafiada. Apaixonada por uma biblioteca já eu estava, restava apenas arranjar quem me ajudasse nessa aventura cinematográfica que era uma estreia absoluta para mim.
Falei com o Filomeno, que era o dono do telemóvel, e fomos até à Escola da Ilha, lugar onde se encontrava a Biblioteca dos meus amores. Para quem não conhece esta Escola quero deixar claro que uma escola não precisa, por vezes, de portas nem janelas para ser um lugar onde nos sentimos bem. Alguns pavilhões envelhecidos, mobilados com carteiras e cadeiras apertadas num espaço exíguo, habitado por muitas crianças de impecáveis batas brancas, olhares curiosos e serenos, e sorrisos a que é difícil resistir. Tudo limpo e bem cuidado. Para além das salas de aulas, esta escola tem uma pequenina divisão com algumas estantes onde se encontram muito poucos livros. Na porta, do lado de fora, está escrita com letra muito bem desenhada e cerimoniosa a palavra Biblioteca.
À hora a que chegámos para filmar, já havia poucas crianças na escola mas mesmo assim ainda conseguimos que quatro alunos se prestassem a protagonizar o nosso enredo. Sem som, num silêncio total, o filme fixou as paredes exteriores da escola lentamente, depois parou na palavra Biblioteca, entrou respeitosamente na sala e visitou o lugar onde se encontravam as crianças em pé a ler os livros. Enquadrou os poucos livros existentes e saiu. Estava tudo dito. Foi nesse momento, que surgiu, nem se sabe de onde, uma criança de três ou quatro anos a correr atrás de uma bola e que entrou pelo filme adentro. Tínhamos futuro.
Pegámos na obra pronta e o Kim colocou-a no "UTube". Depois, esperámos. Eu sabia que o dia do livro infantil era a data em que iria começar a votação popular pela Internet e que o dia 23 de Abril, dia do livro, seria o dia do resultado do concurso. Quando vi os filmes enviados, percebi que não teríamos hipóteses nenhumas de ganhar. Havia mais 16 Bibliotecas a concurso, cada uma apresentando um vídeo mais criativo, mais perfeito e belo do que a outra. O nosso expressava o vazio da nossa Biblioteca.
Bom, realmente não seremos os primeiros classificados mas, ainda o concurso não acabou e já fui contactada para me dizerem que vamos ganhar muitos livros. Vale sempre a pena tentar.»
Título, texto e fotos de Luísa Coelho
(Re)Veja o vídeo 10. Biblioteca Angola, da Escola de Luanda, Angola
Neste Dia da Mãe que se celebra hoje em Portugal, o BiblioFilmes regista a data com um GRANDE:
Obrigado Luísa e Obrigado à Directora da Escola